Superman Returns

O Renascimento de um Mito

 Superman Returns, de Bryan Singer resgata não apenas o brilhantismo do longa do homem de aço de 1978, de Richard Donner, mas também todos os valores e características que fizeram do último kryptoniano um dos mais notáveis mitos contemporâneos.

 Poucas personagens gozam de semelhante prestígio na cultura pop quanto o Superman. A despretensiosa criação de Jerry Siegel e Joe Shuster, datada de 1938, talvez jamais esperasse experimentar tal sucesso ante um público cada vez mais cosmopolita e cujos valores e crenças se transformam dia a dia numa velocidade cada vez mais impressionante. O fato é que, dentre poucos produtos culturais surgidos no seio de uma sociedade cada vez mais imediatista e aparentemente contraditória, o Superman talvez tenha sido um dos que melhor conseguiu inscrever seu nome permanentemente nesse conturbado imaginário coletivo.

 Contribuem a isso, as diversas referencias sócio-filosóficos que permeiam as crônicas do último filho de Krypton. Referências estas, aliás, concisa e maravilhosamente retratadas nos minutos iniciais de Superman, de Richard Donner, em 1978. Naquele que é considerado por muitos o debut cinematográfico do herói, Donner soube dotar a história de tal riqueza que o filme ainda hoje é considerado um marco dentre as adaptações de quadrinhos para o cinema, constituindo-se num grande sucesso, tanto de público quanto de crítica.

Superman Returns

 E, como "em time que está ganhando não se mexe", este foi o ponto de partida para o consagrado Bryan Singer (de X-Men 1e 2 e do excelente Os Suspeitos) assumir a franquia, dando uma contribuição mais que marcante a mesma. O seu Superman Returns mais que uma obra independente em si, é uma referencia e uma homenagem a brilhante condução de Donner. Diversos acontecimentos do filme "estendem" pequenas premissas e grandes idéias do longa de 78, idéias que aos fãs não passarão desapercebidas, como os inconseqüentes diálogos entre Lex Luthor e a sua estabanada assistente, claramente inspirada na srta. Tessmacher, do filme de Donner. Impossível também é não se deixar contagiar pelas proféticas e belíssimas palavras de Jor-El (Marlon Brando) ao seu heróico filho, antes de serem tragicamente separados: "Você verá a minha vida através dos seus olhos assim como a sua vida será enxergada através dos meus. O filho se torna o pai e o pai se torna o filho".

Superman Returns

 A história desse novo longa, entretanto, guarda em si um argumento bastante promissor: há realmente lugar no mundo para um Super-Homem? Após anos de exílio, durante os quais o Superman (o desconhecido Brandon Routh) esteve no espaço, em busca de suas origens, ele retorna ao mundo que jurou defender. Apenas para descobrir que este mesmo mundo aprendeu a viver sem ele, assim como o seu eterno interesse romântico: Lois Lane (Kate Bosworth) seguiu com sua vida, se casou e teve um filho. Ele não apenas precisa se readaptar a esse desanimador cenário (buscando o seu lugar numa sociedade que já o esqueceu), mas também aceitar as mais dramáticas conseqüências de sua decisão em abandonar a Terra, 6 anos antes.

 Singer constrói uma fábula marcante sobre a tentativa de superação de suas próprias debilidades e fraquezas. Como Superman, Clark Kent é capaz de proezas inimagináveis, muito além da capacidade de qualquer ser humano comum. Mas como Clark Kent, o Superman não parece lidar com a sua maior perda: o amor de Lois. Qual o preço do seu exílio? Quais as implicações do seu retorno? Afinal, qual o limite da sua responsabilidade para com o nosso mundo? Singer não nos dá a resposta. Antes, nos convida a nós mesmos nos debruçarmos sobre essas intrigantes questões e a encontrarmos essas surpreendentes respostas.

Superman Returns

 A competente condução de Singer nos dá, mais uma vez, provas do porque considera-lo um dos mais talentosos diretores dentro do mainstream na atualidade. Os atores rendem interpretações competentes e marcantes, com especial destaque ao sempre excelente Kevin Spacey (como o vilão Lex Luthor), um antigo colaborador de Singer em Os Suspeitos. O roteiro, assinado a 6 mãos tanto por Singer, quanto por Michael Dougherty e Dan Harris, prima pelo desenvolvimento psicológico das principais personagens, numa abordagem acertadamente mais madura. A música de John Ottman é igualmente competente, embora ao compositor falte o feeling de John Williams, compositor da trilha sonora original, para compor temas verdadeiramente inesquecíveis. Competência é, aliás, a marca do longa de Singer. Um longa tão pretensioso e grandioso quanto sua principal personagem, mas também tão poderoso e fantástico quanto a mesma.

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filme Site oficial

filme Ficha do filme no IMDB

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