Alexandre Pato

 No final do ano passado, era só no que se falava. Com o Internacional de Porto Alegre prestes a disputar o primeiro Mundial de Clubes de sua história, as saídas de jogadores preocupavam bastante os torcedores colorados. Peças importantes do time, como Bolívar, Tinga, Jorge Wagner e Rafael Sóbis deixavam o clube logo após a Libertadores e tudo levava a crer que não havia peças de reposição à altura. As preocupações eram ainda maiores quando se pensava no ataque. Quem seria o companheiro de Fernandão e Iarley no ataque? Que jogador conseguiria fazer o papel de homem-gol, já que nenhum dos outros dois tinha essa capacidade? Todos achavam que a diretoria do clube gaúcho correria atrás de um atacante de ponta, para tentar substituir à altura o xodó da torcida, Rafael Sóbis. Um garoto da base, que despontou no Inter e fez história no clube, levando o time ao maior título de sua história, até então - o título da Libertadores da América. Em vez de confiar em algum nome famoso, que deixasse a torcida calma, o então presidente Fernando Carvalho divulgou a notícia de que o substituto de Sóbis já estava no Beira-Rio: se tratava de um menino de 17 anos recém-completados, vindo de Pato Branco, no Paraná. O nome dele era Alexandre, e já deixado todos de boca aberta, jogando pelas categorias de base do Colorado.

 Esta decisão foi altamente polêmica. Como um time que decidiria o Mundial contra o poderoso Barcelona, que muitos consideravam o melhor time do mundo, podia confiar em um garoto cheio de espinhas na cara? Ainda mais pra substituir um dos ídolos do clube. Tudo levava a crer que não daria certo. Afinal, depois de ver a ascensão e a queda de Lenny e Thiago Ribeiro, poucos se arriscariam a confiar em um jogador vindo da base. Mas Carvalho tomou a melhor decisão de sua gestão. A comissão técnica colorada estudou o melhor momento para lançar o garoto, e resolveu que sua estréia seria contra o Palmeiras, em São Paulo.

 O primeiro jogo de Alexandre Pato pelo Internacional foi simplesmente estupendo. O jogador mostrou uma personalidade incomum, e terminou decidindo o jogo, com duas assistências e um gol. Vitória do Colorado por 3x1, fora de casa, e todos os holofotes em cima do menino, que mal sabia dar entrevistas. Antes disso, todas as precauções foram tomadas para manter Pato no Inter: estipularam uma multa rescisória altíssima, para evitar que clubes europeus tentassem tirá-lo do Brasil. Depois desse primeiro jogo, começaram as especulações em torno de sua transferência para a Europa. Chelsea, Internazionale, Milan, Barcelona, todos esses clubes foram ligados ao atacante colorado. Porém, nada se concretizou e ele continuou em Porto Alegre. Não jogou mais no Campeonato Brasileiro, e sua segunda partida já foi válida pelo Mundial de Clubes. Na estréia do time contra o Al-Ahly, Pato marcou o primeiro gol dos gaúchos, que venceram o jogo por 2x1. Na segunda partida, uma atuação apagada, mas importante para a vitória do Inter, por 1x0.

 Tendo terminado o ano como o centro das atenções para 2007, ele chegou à seleção sub-20 para a disputa do Sul-americano como estrela do time, ao lado do gremista Lucas. Apesar do time sofrível, armado pelo também sofrível treinador (treinador?) Nelson Rodrigues, Pato conseguiu levar o time ao título, literalmente falando. Além disso, foi um dos destaques do torneio, e começou a temporada como uma das maiores esperanças do futebol brasileiro dos últimos tempos. Tudo isso deu bastante moral à promessa colorada, e ele até começou o ano marcando uns gols na Libertadores. Contudo, o começo de ano dele não foi tão destacado quanto o fim do ano passado, até mesmo pelo time do Inter, que começou a ficar desgastado, o que culminou com a saída do treinador Abel Braga. Apesar de todo esse desgaste, Pato era um dos poucos que ainda tinha algum crédito com a torcida, mantendo o nível das atuações. Quando Alexandre Gallo chegou, Pato subiu ainda mais o nível do seu jogo, o que desencadeou ainda mais interesse dos grandes clubes europeus. Porém, tudo indica que ele vai ficar no Brasil até o final do ano, pelo menos até atingir a maioridade.

 Ficando no futebol brasileiro por mais tempo, Pato só enriquece o campeonato nacional, que anda tão carente de bons jogadores. Afinal, em terra de Aloísio, Pato é mais que rei. Ele é, aos dezessete anos, um atacante completo: chute que combina precisão cirúrgica e muita força, cabeçada excelente, ótimo posicionamento, velocidade, força física. Na atualidade, o Brasil não tem nenhum atacante com a qualidade de Alexandre Pato jogando em seus gramados. E toda essa qualidade tem tudo para deixar o nosso país, infelizmente. Saber que no final do ano, os clubes europeus - que já estão se estapeando para ver quem fica com o garoto - vão cair com tudo em cima do atacante e algum deles pagará sua multa recisória é extremamente lamentável, mas é a realidade. Só nos resta torcer para que ele continue desfilando seu futebol encantador no Brasil pelo máximo de tempo possível, e para que ele realmente consiga se firmar como um dos maiores jogadores do mundo.

Pedro Piteka

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